Shichigatsu - Homenagem aos antepassados
Se você pensa que a principal data comemorativa em Okinawa é o Natal, está enganado. Se você pensa que é o Ano Novo, também se enganou. Em Okinawa, a data mais comemorada é o obon, o Finados japonês.
Diferente do realizado na maior parte no Japão, o obon em Okinawa é celebrado no mês de julho, por isso o nome shichigatsu. Em todo o país, principalmente em Okinawa, acredita-se que, após a morte, os espíritos se tornam entidades divinas, sendo, portanto, bastante cultuados e reverenciados. E é durante essa comemoração que os espíritos vêm ao mundo dos vivos "fazer uma visita". Acredita-se que a correta celebração dos cultos e oferendas, dentro do ambiente doméstico, garante proteção e vida harmoniosa para toda a família. Por isso que, dentro da comunidade okinawana, este é o mês de maior movimentação, o único momento do ano em que todos os membros de uma mesma família, vivos e mortos, podem "confraternizar". É no shichigatsu que jovens aldeões se reúnem para tocar o tradicional taiko e apresentar o Eisá, a maior expressão da cultura popular, para homenagear seus antepassados.
AS PRATICAS E OS DIAS DE COMEMORAÇÕES
É a mais importante celebração do calendário de Okinawa, pois nesse período as famílias se voltam para cultuar e homenagear seus ancestrais. Durante o período de 13 a 15 do sétimo mês do calendário lunar e/ou do nosso calendário oficial, as famílias se encontram nessa ocasião, voltadas para reverenciar seus antepassados.
Relacionado com o Obon, festa dos mortos, o Shichigwachi inclui rituais e manifestações folclóricas.
Dia 07/07 - Coincidente com a lenda chinesa do Tanabata, para os okinawanos, é um dia neutro em que se pode limpar o cemitério e iniciar a preparação para os festejos. São feitas orações em frente ao mausoléu da família. Entre as orações, pede-se, apesar dos restos mortais estarem no cemitério, que os espíritos (magoe) se dirijam às placas (totome) nos oratórios (buchidan).
Dia 13/07 UNKE - abertura da festividade
Nesse dia, acende-se um maço de incensos (uko) na frente da porta principal da casa do patriarca da família e, em preces, abre -se a casa aos ancestrais (uyafafuji). Esse maço de incensos varia de aldeia para aldeia, mas pode ser mais freqüente o uso de 15 incensos, três à frente, simbolizando o mar (ryugu); terra (jichi); e céu (utin), e 2 maços de seis representando o casal, o equilíbrio familiar e os 12 signos do horóscopo chinês.
A primeira refeição é oferecida pela mulher mais velha da casa. Algumas casas colocam ganshina, aréola para amortecer o transporte sobre a cabeça, e sangwá, amuleto feito para aprisionar enfermidades.
Dia 14/07 NAKABI
Nesse dia, as festividades são prosseguidas e a casa fica aberta à visita de parentes, tornando-se um momento para as famílias compartilharem suas atividades, experiências e também de transmissão de conhecimentos via oral. Nesse período, a yutá não pode ir a nenhuma casa para resolver problemas relacionados ao butsudan.
15/07 UKUI - Encerramento
Nesse último dia, são feitas preces agradecendo a saúde e a prosperidade da família. Também é realizada a queima de papel, simbolizando dinheiro (uchikabi) e ainda são ofertadas algumas bandejas (gaki), colocadas à porta para que os espíritos sem descendentes possam retornar sem problemas.
Além do ritual, algumas aldeias invocam o espírito ancestral no centro da aldeia e, durante os três dias, promovem o Eisá, parada de tambores, e o shisa moye, dança do leão.
Essas observações são generalizadas e existem mais exceções do que regras para se celebrar o Shichigwachi. Atualmente existem fusões de tradições, inculturação e adaptações. Porém a forma variável não pode perder a essência e nem o sentido principal que é o de culto aos antepassados. É por isso que se busca tal perpetuação cultural durante tantos anos; para que as futuras gerações compreendam, honrem a história de vida de suas famílias e procurem no horizonte o Nirai Kanai.
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